Se eu te pedisse agora mesmo para elencar rapidamente os cinco principais valores que são mais importantes para você e dos quais você não abre mão, será que você conseguiria facilmente? Quais são afinal os valores que mais definem quem você é?
Eu separei para vocês uma lista de VALORES e quero convidá-los a fazer esse exercício comigo, vamos lá? Identifiquem na lista abaixo os seus cinco principais valores e enumere em ordem de prioridade para você. Ah, só para lembrar, não é para marcar os valores que você admira ou gostaria de ter! Escolha os que realmente te definem e aqueles que você se vê exercitando na sua vida. Não é para fazer listinha bonitinha nem maquiagem, seja sincero com você mesmo e mãos à obra.
Lista dos valores morais mais importantes
Honestidade | Tolerância | Liberdade |
Compaixão | Igualdade | Compreensão |
Disciplina | Paciência | Prudência |
Gratidão | Abnegação | Respeito |
Responsabilidade | Lealdade | Harmonia |
Ambição | Altruísmo | Confiança |
Valentia | Coragem | Modéstia |
Perseverança | Solidariedade | Vontade |
Autocontrole | Superação | Laboriosidade |
Magnanimidade | Objetividade | Pontualidade |
Aprendizagem | Fidelidade | Generosidade |
Honra | Sinceridade | Força |
Discernimento | Empatia | Cortesia |
Colaboração | Desafio | Estabilidade |
Segurança | Inovação | Autonomia |
Reconhecimento | Amor | Espiritualidade |
Controle | Justiça | Previsibilidade |
Parece simples, não é mesmo? Mas eu aposto que assim como eu, vocês também levaram um tempo até conseguir se identificar em meio a tantos valores expostos. Para começar, eu marquei sete ao invés de cinco. Eu deixei em vermelho os meus principais valores, aquilo que não abro mão no meu dia-a-dia, só para usar como exemplo, de modo que possa ficar claro para os meus leitores como os nossos valores estão conosco o tempo todo, igual à roupa que você veste todos os dias.
Esse exercício mostra que os valores estão na essência, eles nos acompanham, pautam nossas escolhas e decisões e quando nos dispomos a encará-los com mais profundidade, escalamos muito na esfera do autoconhecimento, já que nossos comportamentos resultam dos valores que temos.
Se você é daquelas pessoas que imaginam que seus valores são apenas conceitos teóricos e distantes como livros na prateleira que você só acessa e abre quando quer, fique sabendo que você está redondamente enganado. Os nossos principais valores tomam decisões o tempo todo por nós, são eles que influenciam todas as nossas escolhas e também a forma como interagimos com as pessoas.
Como profissional e mãe eu sou extremamente responsável, a responsabilidade de cumprir com o meu dever é muito importante, eu não abro mão. Preocupo-me sempre em fazer o melhor com os recursos que tenho, sou comprometida ao extremo e sempre entrego o resultado. Claro que existem tropeços e nem tudo são flores, mas no geral eu sou aquela que diz e faz, não gosto de enrolação nem de jeitinhos, faço e faço bem feito.
Esse valor é tão forte em mim que quando gerencio equipes tenho sérios problemas para tolerar membros descomprometidos. Tenho que focar muito na liderança para conseguir resgatar essas pessoas, com um perfil de baixa produtividade, me cansa demais e me desgasto. Já tive desentendimentos por causa disso, tanto no trabalho quanto com meus filhos, com relação ao rendimento escolar.
Não me contento com nota boa se vejo claramente baixa aprendizagem e não gosto quando fazem os trabalhos com desleixo. Eu odeio a média, me desculpem os medíocres, mas eu sou assim. É um verdadeiro desafio à minha capacidade de tolerância e empatia lidar com pessoas descomprometidas ou que não dão o melhor de si nas tarefas, mesmo quando claramente possuem capacidade para fazer melhor, mas têm preguiça. Observem que tudo isso ocorre comigo por causa do valor que eu defendo, no caso desse exemplo foi a responsabilidade.
Já na área sentimental eu sou pura vontade e liberdade, além de ter autonomia em escolher sempre o risco de me apaixonar, vivo o que tenho vontade, não me pauto muito pelo que os outros vão pensar e pago o preço das minhas impulsividades. A maturidade dos quase quarenta anos e a experiência acumulada dos relacionamentos que já tive estão me fazendo rever esses valores nessa área, mas definitivamente uma relação de conveniência, interesse ou aparência não é para mim, eu não suportaria, só fico com quem me causa excitação e vontade.
Engraçado que por eu ser desprovida dessas preocupações, vivo sendo alvo de fofocas e as pessoas adoram me julgar e falar da minha vida, eu pouco me incomodo, acho graça. Levei um tempo até aprender a não dar ouvidos às maldades das outras pessoas e percebi que quando elas falam, na verdade, só estão dizendo sobre elas mesmas. Assim, quando me apontam ou me julgam é porque é isso que elas têm a oferecer, mediocridade e inveja que provavelmente estejam por trás dos julgamentos. Por isso, simplesmente resolvi me blindar do veneno dessas pessoas.
Percebem como sutilmente somos movidos pelos nossos valores o tempo todo e nas diversas áreas de nossas vidas? Alguém poderia me perguntar: Catiuza, então quer dizer que somos escravos dos nossos valores e eles decidem por nós sem passar pelo crivo da racionalidade? Então nunca temos escolha? É isso mesmo?
Bem não é tão simples assim, mas é verdade que a maioria das coisas que fazemos podem ser sim reações automáticas, pois quando algo agride um valor fundamental teu você reage e não raciocina direito antes de agir. Para entender melhor, imagine alguém em uma fila cujo valor da JUSTIÇA, da HONESTIDADE e do RESPEITO sejam preponderantes, se chegar alguém e furar a fila, certamente a fará reagir e tomar satisfação, mesmo que a pessoa na fila tenha permitido que o outro passe na frente, no conceito dela aquilo foi desrespeitoso e injusto, uma trapaça com todos os demais na fila, isso vai corroer a pessoa por dentro e não a deixará engolir calado tal acontecimento.
Eu tive um chefe que tinha esse problema com filas, ele ficava em pânico, pedindo a Deus que ninguém furasse a fila nem passasse na frente sem o consentimento dos demais, pois ele não conseguia ficar calado nessas ocasiões, o que já tinha lhe causado muitos contratempos. Isso se repetiu até que um dia ele percebeu que o outro valor dele estava sendo afetado nessas ocasiões, ele tinha pavor de vexame e exposição pública, então aos poucos ele foi conseguindo controlar seu temperamento nessas ocasiões para evitar a exposição e a desonra desnecessária.
Então, uma vez uma das pessoas que estava na fila vendo ele nervoso, disse: “Deixa isso para lá! Por que você se desestabiliza por tão pouco? Não vale a pena perder sua paz pela falta de educação dos outros, fique calmo!”. Ele me contou isso e disse que a partir dessa experiência ele passou a gerenciar melhor de forma racional seu comportamento nessas ocasiões.
Entendam com essa experiência do meu ex-chefe que o grande segredo é conhecer os valores que te movem de modo que você já antecipe as suas reações. Dessa forma você desafia o seu piloto automático, você freia sua reação e entra na ação com racionalidade. Você sabe onde o sapato aperta teu calo, então já saia com o band-aid por precaução, seja proativo. Claro que não dá para prever ou controlar tudo o tempo todo, mas quanto mais você se conhece mais estratégias conseguirá traçar para lidar com situações que sejam desestabilizadoras para você. Aprenda a criar novas saídas para velhos problemas.
Agora leiam atentamente os valores que vocês escolheram na lista do exercício e tentem associar cada um deles a uma situação que você viveu. Ao se aprofundar nessa atividade, tente lembrar como vocês reagiram nessa situação e reflitam o que poderiam ter feito de diferente se isso tivesse acontecido hoje. Isso vai te ajudar a fazer novas conexões no teu cérebro, pois nossa memória não diferencia experiência real ou imaginária, logo, você estará criando um modelo de ação novo, que, se bem treinado, vai suplantar o padrão de reação disfuncional anterior.
Por hoje é só pessoal espero que tenham curtido o texto da ROTA de hoje e apliquem essas dicas. Lembrem sempre que seu desenvolvimento pessoal é sua responsabilidade! Sigam na jornada!