O mal que te provoco é apenas um bem
Que ainda não fui capaz de te ofertar;
As dores
E dúvidas que te imprimo ainda são as minhas
E não precisas ficar.
Injustificável mal te fiz;
Por ser meu amor,
Ainda criança;
Bruta e incontida,
Não soube lutar.
A violência insensata
Do que não pude bem expressar
Implodiu no grito,
No choro do desequilíbrio
E no meu lamento por incapacidade de amar.
Foste pego de surpresa
E teu desejo não te protege;
Pois meu amor que em fogo fere;
Já não consegue evitar.
Tu e eu não somos os mesmos
Pungente encontro foi real;
Intenso amargo
À flor da pele não previu o final.
Imaturo ou louco
Foi o que pudemos ser
Nesse tempo em que nós vivemos;
Não te culpo e tu não me culpas.
Apenas agradeço o revez do amor
Que escondido me espreita;
Não mais me pune e me deleita;
Em compaixão enternecida.
Aceito e deixo ir;
Aceito e deixo vir;
Seja vida ou começo;
Seja a morte ou fim;
Foi o que nos foi destinado viver.
Onde com amor
A dor se perdoa, se cresce;
E quando sublime amor permanece;
O mal que te fiz se esquece.
Explicação do poema
Gostaram do poema?
Ele é só uma ilustração, um recorte muito comum quando nos sentimos culpados por algo que julgamos ter feito de errado, em geral relacionados a alguém, a outro com quem tivemos alguma relação, seja ela amorosa ou não.
Fato é que muitas vezes coisas ruins acontecem, tomamos o caminho errado, fazemos “textões” em zap, somos agressivos e ferinos com pessoas e isso pode custar um danoso e prolongado sentimento de culpa em nós mesmos.
Esse sentimento que muitas vezes parece lícito a princípio, quando ignorado pode paralisar nossas vidas em processos inconscientes de autopunição.
Pense em algum momento da sua vida no qual você se sentiu culpado (a) por algo que fez.
A reação inicial é sempre racionalizar, buscar aplacar nossos remorsos culpando as outras pessoas envolvidas e as suas atitudes anteriores para conosco.
Um jogo em que ele (a) mereceu o que aconteceu, então, meu erro se justifica no que eu entendo ser culpa do outro.
Todavia, algo em nós grita disfuncionalmente e a culpa não desaparece. É aqui que entra a autopunição como forma de tentar equilibrar a balança.
Você vibra energeticamente na frequência da culpa, logo, não se espante se você adoecer ou se deprimir, ou se agredir outras pessoas sem motivo, se outras áreas da sua vida não seguem bem ou se novas relações saudáveis não se estabelecem.
É a sua culpa ruminando e boicotando seu bem estar físico e emocional.
É você mesmo em rota de colisão com a autopunição, tentando internamente resolver o mal que causou a outra pessoa.
Só que se machucar, e isso para alguns pode ser literal, automutilação é bastante comum, se punir alivia algo no momento, mas não resolve sua vida e embota o seu futuro.
É uma gaiola que te prende num ciclo vicioso de vitimização, autopunição e nenhuma mudança.
Reconhecer esse ciclo, sair da racionalização dos culpados externos e da vitimização interna pode levar anos.
Por isso, sempre defendo que todos precisam de espaços terapêuticos que incentivem o autoconhecimento e o resgate de si mesmo.
Além disso, o suporte espiritual, quando bem direcionado também pode auxiliar nesse processo.
Observe graficamente o que estou tentando explicar:
Fato é que o eu maduro, quando bem equipado, já consegue perceber quando a culpa está à solta, causando seus estragos. E o que fazer para vibrar o ciclo de mudança? Já que não podemos voltar em uma máquina do tempo para fazer diferente e evitar os estragos que já estão postos na vida das pessoas que magoamos ou afetamos negativamente de algum modo, o que podemos fazer requer humildade.
Nosso ego orgulhoso não gosta de pedir desculpas. Alguns danos podem ser reparados, como por exemplo, danos financeiros ou materiais, mas alguns deles nunca conseguiremos consertar sem reconhecer e pedir perdão. Se não for possível que isso seja realizado presencialmente, faça esse exercício com você mesmo, imagine a pessoa na sua frente, diga o que precisa dizer e deixe essa energia fluir de você para o universo.
Aqui entra a compaixão consigo mesmo, perdoe-se e não seja carrasco eterno de si mesmo por conta do passado. A resignação nos leva a mudanças e nos ajuda a encontrarmos novamente o sentido do merecimento. Todos erram, não é privilégio seu lidar com culpa e autopunição. O quanto antes você tratar esses sentimentos e se reerguer, melhor para você e para as pessoas que se relacionam contigo.
Agora lembre, existem retrocessos no caminho, pois a resignação não é linear e os fantasmas que te fizeram errar antes ainda podem sair dos eixos e voltar a te assombrar em novas situações, como em algum momento de guarda baixa. Procure identificar os gatilhos que te fazem perder a cabeça. Nem sempre é fácil abrir mão deles, é uma luta interna violenta e invisível, porque de algum modo nos gratificamos até na dor dos nossos erros. É um padrão, um eterno retorno que precisa ser esgotado em você até não te assombrar mais.
Aceite suas dores, seus equívocos, repare o que for possível, perdoe-se e tente seguir.
Se no caminho você cair, refaça o mesmo processo, pois estamos sujeitos a imperfeição e em constante aprendizado. Acredite que a vida acontece nos espaços de movimento que você se impulsiona e faz. Se ainda não fez é hora de começar. Se dê uma oportunidade!