Mulherada, vai ter tiro, polêmica e bomba na reflexão da rota de hoje que vai especialmente para vocês.
Quem nunca ouviu a frase “ela já está com outro?” como um julgamento maldoso ou até você mesma já tenha utilizado ao se referir às outras mulheres num tom depreciativo? Confesse aí!
Pois é, fato é que somos submetidas ao julgamento alheio, que, aliás, não vem só dos homens, mas também de nós mulheres que infelizmente insistimos em reforçar um modelo de divisões femininas, nos classificando em duas castas pouco amigáveis: a das mulheres para casar e a das mulheres para curtição.
É uma pena que depois de sairmos do limbo e conquistarmos o direito de trabalhar, nos sustentar e termos uma voz ativa nesse mundo enraizados em preceitos tão masculinos e heteronormativos, ainda sejamos tão cruéis entre nós. Competimos na vida tentando provar valor a quem? Aos homens?
Que mania irritante temos de viver assombradas pela ideologia do príncipe encantado. É justamente na angústia dessa corrida que pisamos umas nas outras, depreciando as formas de viver das nossas iguais em gênero, na tentativa de nos sobressair e sair na vantagem de conquistar um príncipe primeiro.
Pois bem, desculpem o desabafo. Vamos voltar a frase do tema de hoje. Afinal de contas, alguém, por favor, me diga qual é a conduta quando uma relação acaba? Quando homens e mulheres passam pela dor de um rompimento? Tem aí algum manual sobre quantos dias mínimos de choro e lamento ou quantas recaídas ainda devem acontecer entre o ex-casal até que a mulher, principalmente, tenha o direito de seguir com sua vida e fazer dela o que bem entender?
Vejo muita hipocrisia nisso. Quando uma relação acaba existem muitas coisas a se pensar, mas ninguém gosta de assumir sua parcela de responsabilidade. Por que você não reflete sobre a forma covarde com que tratou e deixou seu parceiro (a)? Será que ambos fizeram o melhor que podiam na relação? Trataram-se da melhor forma que poderiam? Estiveram emocionalmente comprometidos na mesma intensidade? Provavelmente a resposta é não, por isso veio o fim anunciado em lições importantes que valem a pena pensar.
Agora, sinceramente, meu amigo homem, não queira saber se ela dorme ou não com outra pessoa, isso não te diz mais respeito, não impute a sua ex o dever de estar a disposição caso você mude de ideia sobre o término, pois de fato a terra não é plana, mas nem por isso ela gira em torno da sua vontade.
Eu mesma já ouvi essa frase (que dá título a esse texto) de um ex e não achei nem adequado nem justo. Se você terminou com alguém em definitivo, não cobre mais nada dela, que mania chata, em especial, dos homens de estabelecer os ritos esperados para vida sexual da sua ex-mulher. Se você a deixou, agora ela está solteira e livre. Como ela lida com isso é problema dela e não seu. Parem de nos julgar porque vocês, homens, fazem isso constantemente e acham tudo normal. Vocês seguem petiscando por aí, degustando cardápios infinitos ou se metem em uma nova relação rapidamente só para superar a anterior.
Fico me perguntando por que quando homens saem de relacionamentos e caem nas baladas e na pegação a sociedade pensa: “homem é assim mesmo desapegado, cafajeste, não se envolve”. Parece não ser um problema moral quando o homem age de maneira reativa, pois é o que se espera dele sair por aí recuperando o “tempo perdido”.
O ego masculino é socialmente construído assim, maior que o sol. Não sei de onde eles conseguem tanto narcisismo. Quantos homens já não desrespeitaram suas mulheres com desamor, menosprezo, frieza, mentiras ou traições? Quantos já não trataram suas parceiras de forma desumana ao terminar, como se a mulher fosse um adorno que serve somente a sua vaidade e satisfação sexual, podendo ser facilmente descartada conforme seus caprichos?
Se você não entende o papel de uma mulher como algo essencial e importante no seu momento de vida atual, fica solteiro e não cause estragos, caramba! Se sua via amorosa é de mão única, estabelecer um relacionamento não é para você, pelo menos não por enquanto. Fica na pegação que o combinado não sai caro.
Agora seja homem de verdade e não minta para suas parceiras. Manda a real desde o início, entendeu? Se ela quiser embarcar na pegação com você, tudo certo, mas não vá brincar de casinha quando a última coisa que você quer é assumir alguém de verdade como sua mulher.
Mulheres, por favor, tudo bem se você se pauta por uma ideia moral doutrinada pelos bons costumes, mas por cristo, não imponha a forma que você escolheu viver aos outros. Não julguem outras mulheres depreciativamente por elas seguirem suas vidas e adotarem posturas diferentes da sua, principalmente, após o fim de um relacionamento. É um período complicado de dor, revolta e angústia, e cada mulher pode reagir de mil maneiras distintas.
Aqui no mundo adulto, lembre-se que cada um paga suas contas e ninguém precisa da sua opinião e muito menos da sua aprovação. Sejam mais empáticas e abusem do silêncio quando não concordarem com a conduta de outra mulher. Afinal, a escolha é dela, as consequências também. Portanto, deixem de decretar abstinência sexual ou morte às suas iguais, no fim das contas, elas estão solteiras. Já bastam os homens e seu machismo nos julgando sem profundidade, não é mesmo?
Eu defendo que cada um estabeleça sua conduta pessoal e a reveja quando julgar necessário. Quem quiser abster-se, fique à vontade, mas não dá para impor sua opção ao mundo, cada um vai decidir estar ou não com outras pessoas e se segue ou não em novas tentativas, mesmo que se mostrem frustradas depois.
Amadurecer também é ser capaz de assumir seus próprios desejos e decidir como administrá-los. Mesmo que seus desejos não te levem ao “felizes para sempre” da disney, mas que pelo menos te dêem a consciência da realidade do momento que durou o tempo necessário e deixou seu aprendizado.
Atenção, homens e mulheres que me leem, não confundam a vida sexual ativa de uma mulher independente e solteira como se fosse um problema ou falha de caráter, porque não é.
Se o gozo dos outros te incomoda tanto, pode estar faltando projetos de satisfação pessoal na sua própria vida. Siga seu próprio baile. Afinal. Todo mundo tem uma rota a seguir, encontre a sua. Isso sim é importante!
Ah, e só para constar, se ela está com outro macho, termo vulgarizado que escuto muito por aí, eu te digo que a sorte é dela, eu desejo mais é que ela siga gozando e feliz independentemente da escolha que fizer.