Catiuza VIana

Dias sem inspiração. Tão somente respire!  

Passei os últimos dias em crise com as palavras. Não me sentia muito bem, com a ansiedade em alta, me faltou o ar e o tesão para escrever. Hoje à noite, deitada na rede da sala, ouvi atentamente o som da chuva forte e agressiva contra o vidro da minha varanda. As gotas batendo violentamente contra a janela despertaram, com fúria atrevida e impetuosa, os meus pensamentos de sua inércia temporária.

Em dias difíceis, assim como os textos é a vida, às vezes vivemos dias inacabados ou dias iguais ou simplesmente nem percebemos quantos dias já se passaram sem narrativas. Dúvidas e incertezas podem asfixiar e entorpecer quem é você sem aviso prévio. O medo do futuro e de todo o caos dos últimos meses nos confronta a pensar sobre o que vivemos. Como reordenar a vida e a escala de valores com a qual você a interpreta e a vive? Aqui já não parece mais fazer sentido arrependimentos, mágoas ou culpas, pois, talvez o maior medo seja a dor de perder quem já amamos ou mesmo aqueles que sequer tivemos a chance de amar.

Olhava a chuva, o som, o vento, e lembrava da direção e dos trajetos que ela segue até chegar em nós. Fiz um paralelo imediato e pergunto a você: Como tem sido a direção dos seus trajetos percorridos? O que você já aprendeu até aqui? Você sente no seu coração a alegria de tudo que já é parte de você? Quais foram as suas chuvas de inverno ou verão? As pessoas e lugares que conheceu? Quais são os acontecimentos que envolvem a sua vida? Posto que tudo na minha vida sempre foi chama, é excitante ver queimar a plenitude de quem tenho sido. Quando estiverem apáticos, apenas respirem, calmamente e graciosamente, não deixem de desfrutar da sensibilidade das pequenas coisas! Veja a chuva cair, lavar, renovar e enriquecer vocês! Bons sonhos.