Que o amor é simples, sutil e delicado eu já falei antes no meu primeiro texto sobre esta temática… Porém, o que nem sempre percebemos é que às vezes ele também pode ser um pouquinho traiçoeiro, chega de mansinho e nos arrebata quase que instantaneamente, sequer percebemos seus movimentos…
Por vezes me pergunto que bom seria se o amor não me calasse, se não consumisse por dias a vontade de escrever na mesma proporção que me aprisiona em felicidade, em meio a voracidade de sensações que ele me provoca. Fascinada pela ideia de estar e me sentir amada confesso que me fechei uns dias para curtir esse momento… não fiz isso deliberadamente, mas naturalmente eu estava feliz e decidida a curtir ao máximo a pessoa e os momentos que escolhi para viver intensamente cada segundo e eu não hesitei… Tem sido assim contraditório, porque mesmo que me afaste por um tempo de outras coisas tem sido um processo de cura e libertação em muitos aspectos emocionais.
Priorizar uma relação ou dedicar-se a ela evidentemente demanda alguns riscos e desafios próprios do jogo do amor, os quais na verdade eu nunca me esquivei em jogar, não das que evitam a bola por medo de errar o gol, eu chuto e pronto…
Os meus espelhos internos são como bichos selvagens da alma que quando estão inebriados ao vapor das emoções costumam ficar eufóricos demais. E como não estragar tudo? Como não extrapolar e jogar fora as oportunidades? Gosto de me perguntar isso quando vejo que mesmo feliz eu ainda cometo meus excessos, como se eles ainda gritassem alguma falta que eu ainda não sei o que é… Em momentos de crise, ansiedade ou compulsão eu fico confusa e me perco na minha própria intensidade que é muito da essência de quem sou, sempre vívida, mas às vezes imprudente e intensa, tantas vezes incompreendida. Uma menina, uma mulher, uma fúria de personalidade que assusta por não conter o que os bons modos aconselham. Não uso filtros apesar de adorar maquiagem e batom…
Ouvi dizer muitas vezes, até mesmo nas literaturas que tanto no amor como na vida nossas escolhas sempre encerram em si alguma perda, que escolher é sempre perder algo em função de ter aquilo que de fato se escolhe. Eu aprendi com o tempo e com a vida a discordar disso e hoje eu já não me torturo com nenhuma escolha que faço. Para mim escolher é sempre seguir em frente, pois não se perde o que sequer não chegamos a ter, existem sim caminhos, mas todos eles, escolhidos ou não tem suas próprias dores e delícias. Imagine que entre o vestido verde ou rosa, você escolheu o verde, o rosa nunca foi seu, logo, não encare tudo como se o tivesse perdido, nem se culpe ou se arrependa de ter escolhido outra cor naquele momento, naquela determinada situação.
O que eu sei é que tem muita gente convivendo com frustração diante de suas escolhas porque não se permitem viver o próprio caminho escolhido. Vivem ruminando e neuroticamente pensando naquilo que seria a outra opção que ficou lá atrás. Vivemos assim meio que nos culpando e falando mal das nossas escolhas, como crianças que não perceberam ainda que cada caminho tem seus próprios sofrimentos.
Por melhor que sejam as variáveis e por mais prudente ou favorável o contexto no qual realizamos a escolha, sempre lá existirão tempos difíceis. O grande segredo é que quando nos sentimos integrados, conectados com o lugar e a escolha, essa vida escolhida é a que vale a ´´pena´´ viver. Os tempos difíceis se diluem na constância da grandeza de viver uma vida que genuinamente te representa, dá sentido divino a tua existência, o famoso ´´vim ao mundo para isso´´, estou desempenhando o potencial para o qual existo.
Me desculpem a indiscrição, mas eu preciso perguntar a vocês diante de tudo que vocês estão lendo aqui: O que você tem escolhido para você? para sua vida? O que te representa afinal?
Eu confesso meus caros que eu ao longo da vida continuo escolhendo o “AMOR” escolho amar sempre e quer saber eu não me arrependo. Aceito quem eu sou e a vida que me faz sentido viver é essa, onde exista tesão e intensidade no desejo de viver as relações, sejam elas amorosas ou não, ou até mesmo, minha relação de amor, respeito e admiração por mim mesma.
Tenho aprendido a superar a vergonha dos meus erros ou vexames pessoais. Não me culpo mais por nenhuma escolha que fiz movida por amor, pois aprendi com o tempo, que mesmo tendo cometido meus tropeços, essa é a melhor versão de quem eu sou, e talvez mesmo sem saber tenho sido importante em cada momento das vidas de que eu pude tocar ou conviver.
Essa é a riqueza que não se mede, tocar o coração das pessoas com amor e bondade vivendo as melhores aventuras ou desventuras com autenticidade e sendo verdadeiro no que faz.
Como posso, por exemplo, me arrepender de tantas paixões vividas, momentos únicos de êxtase, gozo ou cumplicidade, a experiência de sentir o tempo parar sobre os seus pés e o desejo de poder ficar ali para sempre na doçura de um simples beijo ou afago.
Como o tempo é cruel com os amantes. As músicas que marcaram momentos especiais, os poemas que já escrevi por amor às ligações ou invasões de domicílio! Eu poderia ter sido presa, mas não me arrependo de nada dessas coisas, me sinto viva e grata por cada uma delas, mesmo as mais insensatas tiveram suas razões de existir. Experiências que eu precisava viver para resolver coisas dentro de mim.
Quem já não fez amor em um lugar inusitado, cheio de adrenalina ou perigo? Você já leu o diário de alguém escondido ou olhou o e-mail sem que o outro soubesse?
Ponderar as insistências em coisas que não te fazem bem é o que é o foco aqui. Ou seja, não prolongue tempos de sofrimento e consequências ruins ignorando a necessidade de mudanças em você.
Eu gosto de pensar a vida como uma rota 3D. O primeiro é sempre decidir, o segundo é determinar e o terceiro é disciplinar… tomar as próprias lutas e escolhas e rever quando necessário. Nada é linear o tempo todo, nos reinventamos a cada curva, a cada pneu furado, diante dos acidentes inesperados, já que não somos mais os mesmos, vamos sendo construídos na jornada.
Enquanto eu estava escrevendo esse texto tive acesso a dois contos escritos por um amigo meu e que ele nunca teve coragem de publicar. São contos recheados de aventuras e erotismo, baseadas em suas próprias experiências amorosas e fantasias sexuais. Eu sugeri que ele publicasse anonimamente depois de revisar os contos, já que foram escritos dez anos antes.
E é assim os causos e contos da difícil escolha de Amor…. Eu não me arrependo, e vocês?